SPFW 25 anos: quarto dia
QUARTO DIA 07/11/2020
MARTINS, fundada em 2016 por Tom Martins, abre este quarto dia de SPFW e faz sua estreia no evento. Integrante da Casa de Criadores desde 2017 e conhecida por suas modelagens amplas e democráticas (em sua maioria sem gênero), a marca apresenta a coleção 10, uma retrospectiva de tudo que já fez. Destaque para as estampas com os temas Jogo do Bicho e David Bowie desenvolvidas com o Estúdio Pareia. “Estamos misturando os temas com um toque de senso do humor”, diz Tom. O jeans, que faz parte das criações desde o início da grife, aparece em casacos, calças amplas, camisas e vestidos numa lavagem 90’s azul clara. No carrossel, confira os cliques feitos com câmera analógica pelo próprio designer.
CACETE “Isso não é um desfile”, escreveram Raphael Ribeiro e Tiago Carvalho, nomes por trás da Cacete Company, no perfil da marca minutos antes da exibição. A coleção chamada “Arquivo Zero” simboliza um retorno às origens da etiqueta, que nasceu e cresceu por conta das peças de underwear. A apresentação super voyeur foi estrelada por amigos e parentes da dupla criativa, e contou com os vocais de Liana Padilha, da banda Noporn.
MODEM “O que representa o tempo?”, foi a partir dessa indagação que a Modem criou sua apresentação virtual. E a resposta veio de diferentes lugares, tendo a história da marca como fio condutor – que, vale dizer, comemora 5 anos de existência, em 2020. Para isso, o diretor criativo André Boffano e o stylist João Victor Borges, olharam para todas as coleções e compuseram um pout-pourri de 15 looks, todos com o supra sumo da marca: aviamentos que modernizam a alfaiataria, assimetrias que dão leveza aos tecidos planos e mix de materiais preferidos, como o couro. O vídeo é de Júnior Scoz e a direção de arte de Pablo Quoos.
ÃO Muitos têm questionado sobre o novo formato das apresentações, com os seus prós e contras. Mas ao deparar com uma marca como a Ão, vemos que ter essa liberdade de dividir um olhar e uma história, além da roupa, é algo fundamental. Desde sua estreia Marina Dalgalarrondo, nome por trás da Ão, desafia os limites da silhueta e mesmo tendo uma imagem que flerta com o edgy, suas peças possuem modelagens elaboradas e são inspiradas em indumentárias clássicas, como corsets. Porém, há sempre uma inquietude e uma estranheza, essa filosofia foi transmutada para o filme “Serião”, dirigido por Vitoria de Mello Franco, com imagens que misturam delírio, fantasia, tecnologia e natureza.
AMAPÔ conseguiu trazer toda a energia – e a vontade de se divertir – das suas apresentações presenciais para o digital. Carolina Gold e Pitty Taliani, diretoras criativas, sempre mostraram um lado hedonista, performático e foram fiéis a essas características, mesmo com a mudança de formato. O jeans sem lavagem, que é um símbolo da marca, estava ali como protagonista, envolvendo “corpas femininas pulsantes”, como elas escrevem no release. Vale dizer que diferente das outras etiquetas, a Amapô mostrou uma coleção de inverno, mas as parkas, kimonos de sarja e casacos com capuz podem ser usados independente da estação. O styling foi assinado por Dudu Bertholini, amigo de longa data da dupla.
FREIHEIT foi um dos pontos altos do quarto dia do SPFW. A etiqueta de Marcio Mota debutou no evento com a “Flagwear Collection” que, como o nome propõem, foi criada tendo bandeiras (e sua forma retangular) como mote. A inspiração veio também dos uniformes, o que explica a pegada utilitária – e fica ainda mais evidente nos looks tingidos de azul e laranja. Mesmo tendo desfilado belos tricôs de ponto largo e moletons, a marca explicou no release que não se prende a estações e é adepta do slow fashion – tanto que o lançamento é anual e não semestral, trimestral como a indústria está acostumada. O styling foi assinado por Alexandre Herchcovitch.
LINO VILLAVENTURA Com Ney Matogrosso declamando “Bloco na Rua” ao fundo, a apresentação de Lino Villaventura foi dramática e fiel ao universo do estilista. O fotógrafo Miro assinou o fashion film – e, vale ressaltar, que este é o primeiro vídeo feito por ele. Se normalmente seus desfiles já são cheios de encenação, performáticos e alegóricos, nada mais natural que Lino explorasse ainda mais esse lado lírico. O mix de texturas, a cartela vibrante e os patchworks tão característicos de seu trabalho apareceram mais uma vez.
E assim fechamos o quarto dia.
Créditos: L’officiel, Metrópolis, Vogue, SPFW 25anos.