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Qual é o melhor sal? Sal do Himalaia não é mais saudável! Confira o que diz Rui Morschel 

Qual é o melhor sal? Sal do Himalaia não é mais saudável! Confira o que diz Rui Morschel 

É só o marketing trabalhando para pegar seu dinheiro! Certamente você já ouviu alguém (ou até você mesmo) se gabando de usar sal do himalaia e seus inúmeros e incontáveis benefícios pro corpo ante o “mísero” sal comum, certo?! Pois sinto amigo em lhe dizer, mas isso é uma besteira! E digo mais: os marketeiros piram quando você concorda com estes benefícios.

Bom, o tema será polêmico. Então, como diria Jack Estripador: “vamos por partes”. Dividi esta coluna em alguns tópicos que irão lhe ajudar (e a mim também, né haters!?) a explicar um pouco melhor esta minha afirmação. Vamos lá!?

Tudo é sal!
Sal refinado, sal marinho, sal iodado, sal do himalaia, flor de sal.. Os nomes são muitos, mas afinal são realmente tão diferentes!? A resposta é DEPENDE! Sim, são diferentes em texturas, cores, formatos e modos de fabricação. Não, todos são a mesma coisa: Cloreto de sódio!

O sal é formado pela molécula de NaCl (cloreto de sódio), e o grande “vilão” aqui é o sódio. Todos estes sais acima comentados têm a mesma proporção (isto é química, não eu falando) de aproximadamente 40% de sódio em sua composição (39,3% para ser mais exato). Ou seja, independente do sal que você comprar, seja o do himalaia a R$20/kg ou o “comum refinado” a R$2/kg, a quantidade de sódio será a mesma.

Por que não é mais saudável?
O argumento dos vendedores de sal do himalaia é que ele possui “mais nutrientes que o sal comum”. Na prática, é uma inverdade.

Primeira coisa, a cor! Ela depende da região que o sal foi extraído e de onde ele está. O cinza coreano e preto indiano é por causa dos tipos de algas que estão presentes nos litorais onde há extração de água do mar – lembrando que o sal é obtido da evaporação da água do mar, ok?! O preto ou vermelho havaianos são por causa da lava e argila local. Já o rosa do Himalaia é por causa do ferro daquela região.

“Viu Rui, eu estou certo! O sal rosa do himalaia é mais saudável porque tem mais ferro!”. Não amigo leitor, não é.

Depois de evaporado, este sal possui 99% de pureza, ou seja, 99% dele é cloreto de sódio (sal). O 1% restante é composto por mais de 75 diferentes nutrientes, entre eles o ferro. Para comparação, se você quisesse consumir o ferro contido em uma uva, proporcionalmente, teria que comer 125g de sal do himalaia. É uma xícara de sal, puro (lembrando que 1kg de sal já é o suficiente para matar uma pessoa tá?).

Resumo da ópera: não é mais saudável porque tem mais nutrientes. Você está gastando 10x mais em um sal só porque ele é rosa. E mentiroso!

A real importância do sal “iodado”
Um breve parênteses na explicação: o sal “iodado”. A adição de iodo no sal é uma determinação do Ministério da Saúde bem antiga, para evitar a doença do bócio na população. Determinou-se a adição limitada dele para que as pessoas consumissem esse importante elemento, pois seria mais fácil para a população. Na Europa, não há iodo no sal, porém a população consome regularmente cápsulas concentradas de iodo, encontradas em farmácias.

Dizem os experts em análise sensorial que o iodo traz um retrogosto metálico na boca quando se consome sal iodado. Minha opinião? Para a população comum, será imperceptível. Mas se você quiser experimentar e consumir sal marinho (sem iodo), vá em frente! E não se preocupe quanto ao seu consumo de iodo: você é um em um milhão que realiza esta troca. Provavelmente 99% dos restaurantes que você vai utilizam o iodado, e está tudo bem.

Não gaste seu suado dinheiro!
Voltando ao sal do himalaia: NÃO É UM BOM INVESTIMENTO! Se você gostar da aparência dele, tudo bem, vá em frente! Agora se você compra porque acha que é mais saudável, já está na hora de corrigir isso e economizar seu dinheiro.

Quer fazer um bom investimento!? Compre sal marinho (sem iodo) para os preparos comuns (especialmente com líquidos: sopas, caldos, molhos, grãos) e o “Maldon” para finalização (ou flor de sal). Este sal possui textura diferente pelo método de evaporação (natural, ante sob máquinas de pressão do sal comum – por isso mais caro), e “explode” na boca quando você mastiga. Lembrando que é um sal de finalização, para você sentir a textura na língua – não o desperdice em ensopados onde o sal irá derreter.

Como diminuir o consumo de sódio?
O famoso “sal light” é na verdade um primo do cloreto de sódio – o mais comum é o cloreto de potássio. Ele possui propriedades semelhantes ao de sódio, especialmente quanto ao seu gosto. Normalmente, o “sal light” é uma combinação de cloreto de sódio e potássio, por isso você consumirá “menos” sódio.

A grande questão é diminuir a quantidade de sal para uma dieta mais saudável. Experimente ir salgando menos suas refeições, coloque menos nas frituras (desculpe batatinhas) e vá adaptando seu paladar devagar. É uma jornada longa, mas é possível!

Referências
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, recomendo o livro “O que Einstein disse a seu cozinheiro”, volumes 1 e 2. Neste livro, o professor de química e vencedor de um James Beard Robert L. Wolke compila dúvidas dos leitores de sua coluna gastronômica no The Washington Post intitulada “FOOD 101”. Robert, sendo um professor/químico/cozinheiro e jornalista utiliza uma linguagem bem lúdica e fácil para explicar quimicamente o que acontece na cozinha, sendo uma prazerosa leitura à cozinheiros amadores que querem entender um pouco mais a fundo este mundo da gastronomia. Recomendo a leitura.

Da Coluna Comida de Verdade  do portal Gazeta do Povo

Sal do Himalaia não é mais saudável que o comum: entenda o motivo (gazetadopovo.com.br)

Redação

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