Presidente de Conselho de Segurança Pública é indiciado por 10 crimes de estupro
Delegado Theles Bustorff (divulgação Polícia Civil)
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito instaurado para apurar o envolvimento de um homem, de 37 anos, integrante do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep) em Montalvânia, na região Norte do estado, investigado por crimes sexuais cometidos em desfavor de dez adolescentes. Ele foi indiciado por estupro de vulnerável, estupro, importunação sexual, tráfico de drogas e posse e produção de pornografia. Ainda em relação a um dos adolescentes, o investigado irá responder por condição análoga à escravidão.
As investigações da PCMG iniciaram no dia 24 de julho deste ano, depois que uma vítima denunciou ter sido abusada sexualmente pelo suspeito, dos 13 aos 18 anos. Diante disso, os policiais viajaram até a região Centro-Oeste, onde a vítima reside atualmente, e oficializaram a denúncia. Com o avanço das apurações, os policiais civis identificaram outras nove vítimas do investigado, que também relataram abusos por parte do suspeito.
Modo de agir
Para cometer os abusos, o homem se aproximava das vítimas oferecendo presentes e ajuda financeira, conquistando a confiança dos adolescentes e familiares, os quais, em regra, viviam em grave situação de vulnerabilidade social. Depois disso, o suspeito promovia festas com grande quantidade de bebida alcoólica, ocasião em que as vítimas eram embriagadas e abusadas, sendo toda ação filmada pelo indiciado.
Aos policiais civis, os adolescentes relataram que o suspeito também usava remédios para dopá-los. Muitas vezes essa substância era colocada em doces que o homem servia e, quando os jovens estavam desacordados, filmava tudo o que era feito com eles. Esses vídeos, conforme relato das vítimas, eram usados para chantageá-los, quando se recusavam a frequentar a casa do suspeito.
De acordo com o delegado Theles Bustorff, além de dopar e oferecer bebida alcoólica aos adolescentes, o suspeito também fornecia maconha aos menores de idade. Por conta dessas violências, muitas vítimas ficaram traumatizadas. “Depois da denúncia da primeira vítima, outras nove procuraram a Polícia Civil para denunciar o suspeito. Durante os depoimentos, foi possível verificar que eles estavam traumatizados, alguns deles, inclusive, foram embora de Montalvânia para fugir do suspeito”, contou.
Inquérito concluído
No decorrer das investigações, foram realizadas 22 oitivas de vítimas, testemunhas e suspeito, sendo ainda formalizadas quatro perícias legais em vítimas e cinco perícias técnicas em objetos apreendidos, encerrando o inquérito com aproximadamente 250 páginas.
Assim, Bustorff afirma que o conjunto probatório reunido durante a investigação, entre provas testemunhais e técnicas, inclusive em mídias encontradas no equipamento eletrônico apreendido na casa do suspeito, permitiu o indiciamento do suspeito em diversos crimes.
Em relação a um adolescente, o investigado foi indiciado ainda por condição análoga à escravidão. “Restou demonstrado que o suspeito explorava a força de trabalho desse adolescente, impondo-lhe uma rotina extremamente exaustiva de trabalhos sem remuneração pecuniária, sob o pretexto de que já estava gastando muito dinheiro com ele”, destacou Theles.
O suspeito permanece no sistema prisional desde o dia 1º de agosto, quando foi preso preventivamente.
Divulgação Polícia Civil