Opinião: obstrução intestinal, o trunfo político de Bolsonaro
© Bolsonaro foi hospitalizado por causa de obstrução intestinal (foto: IstoÉ)
Vicente Vilardaga –
Cada vez que vai para uma cama de hospital, o presidente Jair Bolsonaro deve pensar que sua força política aumenta, assim como suas chances de reeleição. Agora, ele está na sua posição preferida: a de vítima de uma doença traiçoeira, a obstrução intestinal, seqüela da facada que tomou. Além disso, a internação no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na madrugada de hoje, é uma posição que lhe permite sumir do mapa e ficar em silêncio. Pelo menos durante alguns dias, ele deixará de ofender os brasileiros atingidos pela Covid-19 e de exercitar seu negacionismo a céu aberto. Também não terá que dar explicações sobre suas tolices para ninguém. Nada mais adequado para Bolsonaro neste momento do que se manter quieto e em tratamento médico depois de fazer um monte de bobagens nas viagens de fim de ano para Santa Catarina e revelar sua irresponsabilidade mais uma vez, ignorando o sofrimento do povo atingido pelas enchentes na Bahia.
É bem provável que Bolsonaro aposte na mesma fórmula eleitoral-intestinal que o levou à vitória em 2018. Não será surpresa se, nos próximos meses, ele passar mais tempo no hospital do que governando. E quanto mais próximas ficarem as eleições, maiores serão suas complicações e mais frequentes as menções à facada que o vitimou em 2018. Pela sua ótica deturpada, a sua doença é a única que importa. Em respeito às famílias dos enfermos da Covid-19 e aos quase 620 mil mortos no Brasil, ele não demonstra qualquer sentimento de solidariedade ou empatia. Tudo gira em torno do seu intestino e ele quer colocá-lo no centro das eleições deste ano. Bolsonaro é um desalmado que vive implorando piedade. Mas, dessa vez, sua estratégia não vai dar certo. Ninguém mais vai ter pena de um sujeito que despreza a vida humana e faz chacota com a doença dos outros. O eleitor vai se lembrar disso.
Publicado por Isto É