Estamos nos acostumando com as mortes
No dia 23 de abril deste ano Itaúna “progredia” da onda roxa, com maiores restrições para circulação de pessoas, para a onda vermelha. Foi um erro, seja do Estado que permitiu esta volta à onda vermelha, seja do Município que não esperou mais.
O fato é que naquele dia o CTI – Centro de Terapia Intensivo – tinha todos os seus leitos ocupados. O número de mortos era 147, hoje 201. Em um mês e uma semana mais 54 pessoas faleceram por complicações com a contaminação pelo novo coronavírus. E quantos destes nem doença crônica tinham? Eram saudáveis, pressão, glicose, rins, fígado, tudo dentro dos conformes, mas há muito tempo o vírus deixou de se instalar e matar apenas quem tem doenças crônicas. E os mais velhos, acima de 65, 70 anos também não são mais os principais alvos da doença.
Mas a cidade estava de novo na onda vermelha, claro, com bares e restaurantes abertos, cheios de pessoas inconsequentes que não sabem usar dos benefícios de reabertura destes serviços. O povo da voltinha nas lojas também voltou a atacar. Mesmo sem dinheiro, gosta de ir de loja em loja, passar a mão em tudo que for possível e quando as balconistas guardam de volta a mercadoria as prateleiras, fecham as embalagens com o vírus dentro. Sim, por que quantas pessoas que estão contaminadas sabem que estão doentes? E, sem saber, continuam por ai propagando o vírus. No comércio a higienização deve ser feita apenas uma vez por dia, acreditamos. Por que as lojas não investem em um tapete sanitizante, que custa entre 60, 100 reais dependendo do tamanho e uma pequena pia com sabão? Não ia ajudar muito? A CDL poderia comprar estes itens em conjunto e aí sairia até mais barato. Mas…
Naquele dia 23 de abril a cidade tinha oficialmente 274 casos ainda ativos, ou seja, pessoas que deveriam ficar completamente isoladas, monitoradas. Eram? Estavam? Hoje a cidade tem, tinha até esta sexta-feira, dia 28 de maio, 682 pessoas ainda com a doença.
Naquela data Itaúna registrava 7.703 confirmações de pessoas contaminadas, um mês e uma semana depois são 9.597 pessoas infectadas, ou seja, 1.894 pessoas que se contaminaram neste período. Em uma semana, esta semana que estamos encerrando, foram 590 novos casos. Bem mais que a metade do mesmo período de abril que era considerado o pior mês.
Uma atitude deve ser tomada urgente. Já abriu o comércio para o Dia das Mães, agora deveria fechar de novo, mas fechar tudo mesmo e não só em Itaúna. Com esta nova cepa indiana, mais feroz, que até ontem na sexta-feira tinha oficialmente infectado no Brasil oito pessoas, o Estado deve fechar tudo imediatamente para que a população tenha a chance de sobreviver.
Estamos nos acostumando com o vírus.
É muito triste constatar pelo número de visitas a cada matéria no site da GAZETA DE ITAÚNA que as pessoas procuram mais por tragédias. As visitas diárias nas matérias sobre a evolução da doença na cidade são cada vez menores, como se a Covid-19 não fosse a maior tragédia da cidade. Estamos nos acostumando com as mortes