Desvio das joias: eventual prisão de Bolsonaro divide opiniões de eleitores, diz pesquisa
Foto: Diário do Nordeste
Ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu solicitação da Polícia Federal e autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente
Com o avanço das investigações sobre o desvio das joias dadas à Presidência da República por governos estrangeiros quando Jair Bolsonaro (PL) estava no poder, pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira (18) mostra que a opinião pública está dividida sobre quais devem ser as consequências para o ex-presidente.
Para 43% dos entrevistados, Jair Bolsonaro não deveria ser preso por participação no esquema. Por outro lado, 41% acreditam que o ex-presidente deveria ir para a cadeia. Há um empate técnico, considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais do levantamento.
Ainda que tenha havido ampla repercussão pelos meios de comunicação, 34% dos entrevistados responderam que não tomaram conhecimento sobre o caso.
Na quinta-feira (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu solicitação da Polícia Federal e autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle.
Segundo os agentes, os desvios tiveram início em 2022, com o envolvimento de nomes como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, preso desde maio em operação sobre falsificação de cartões de vacina, e do pai dele, o também militar Mauro Cesar Lourena Cid, que trabalhava no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, durante o governo Bolsonaro.
Ainda segundo os dados apresentados pela Genial/Quaest, o cenário político segue polarizado entre petistas e bolsonaristas, em uma tendência que permanece desde os últimos anos. Entre os eleitores que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno, 62% acreditam que Bolsonaro deveria ser preso pelo desvio das joias. Por outro lado, 68% dos apoiadores do ex-presidente no último pleito têm opinião contrária. Entre pessoas que votaram branco ou nulo, ou que não tenham comparecido às seções eleitorais, há empate técnico: 39% acham que Bolsonaro deveria ser preso, e outros 36%, não.
No recorte por escolaridade, para 40% dos entrevistados que tem o ensino fundamental concluído, Bolsonaro deveria ser preso, enquanto 49% das pessoas com o ensino superior completo responderam que o ex-presidente não deveria ser punido com a prisão. Nos dados por região, moradores do Nordeste são maioria (42%) entre os que acham que o ex-mandatário deve cumprir pena na prisão. Para 47% dos residentes do Sul, não caberia esse tipo de sentença contra Bolsonaro nesse caso.
A legislação não permite que doações feitas por delegações estrangeiras permaneçam no acervo pessoal de qualquer presidente, salvo exceções previstas para itens personalíssimos, que possuem valor simbólico. Dessa forma, presentes recebidos devem ser incorporados e catalogados, pela lei, ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), e seguir regras estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Para além de prejuízos na esfera criminal, analistas avaliam como uma eventual prisão de Bolsonaro seria capaz de alterar o cenário político, já que o avanço das investigações sobre o desvio das joias ocorre em um momento em que se iniciam movimentos por alianças políticas visando as eleições municipais do próximo ano. Ainda que esteja inelegível, o ex-presidente Bolsonaro tem capital político fortemente estabelecido, e deve fazer valer sua voz na definição de candidatos da direita em grandes colégios eleitorais.
De acordo com a Genial/Quaest, o perfil geral dos entrevistados nesta pesquisa seguiu critérios que reflitam a realidade brasileira, sendo composto em sua maioria por mulheres (53% do total), de 35 a 59 anos (45%), além de moradores da região Sudeste (42%), e não inscritos no programa Bolsa Família (79%).
Foram realizadas 2.029 entrevistas entre os dias 10 e 14 de agosto, com pessoas a partir dos 16 anos de idade. As entrevistas presenciais ocorreram em 120 municípios escolhidos a partir de sorteio. Para a aplicação dos questionários, também foi levada em consideração a região geográfica, grau de instrução e renda familiar dos entrevistados. A pesquisa tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais e o grau de confiança é de 95%.
Fonte: Infomoney