E o Hospital Manoel Gonçalves?
É até difícil falar sobre a situação do Hospital Manoel Gonçalves. A gente só fica sabendo mesmo do que está acontecendo lá quando os médicos que trabalham na instituição e os demais funcionários vêm a público para reclamar, falar em paralisação dos serviços, porque no mais é sempre tudo muito “secreto”.
Tirando uma ou outra notícia sobre uma campanha que está sendo feita, nada é comunicado à imprensa e se alguma informação é solicitada através da assessoria de imprensa da Casa de Saúde, a resposta vem em meia dúzia de linhas e sempre bastante superficial e não por culpa dela, desde a morte do Josias Gambarelli é assim.
Não podemos dizer que é diferente em relação à Secretaria de Saúde, que também pouco informa, mesmo sobre o plantão médico, emergência que hoje a gente nem mais sabe se ainda é responsabilidade apenas do município ou do hospital.
A prefeitura anunciou recursos mensais de R$ 800 mil, mas para que este valor seja completo há uma série de metas que o hospital tem que cumprir, o que acreditamos ser impossível chegar pelo menos na metade delas. E a cada meta não cumprida o desconto é 25% da metade anunciada, ou seja, de R$400 mil.
Mas, além do estado de calamidade financeira, que venhamos, sempre houve, a situação é ainda de atendimentos, principalmente no Plantão 24 horas, que é o termômetro do que está acontecendo na saúde pública. É preciso mais médicos, muito mais médicos. Saia de onde sair o dinheiro para a contratação de novos profissionais é preciso muito mais deles para que a população não padeça na espera.
Na noite desta sexta-feira ligamos, por volta das 18 horas, para saber a situação do atendimento do Plantão. A resposta veio em uma só palavra: “arroiado”. Perguntamos pelo número de médicos, “são dois”, disse quem nos atendeu, “mas um fica na Sala Vermelha e o outro no atendimento, mas se chega paciente para a Sala Vermelha o médico do atendimento tem que parar com os pacientes e ajudar”. Ou seja, a fila de espera não consegue nunca diminuir, nunca mesmo. E, sem falar que, na maioria das vezes, a pessoa que procurou atendimento não consulta e vai embora. Não. Ela passa por procedimentos que vão desde exames de laboratório, raio X, e se preciso um outro como eletrocardiograma e o povo vai se juntando lá fora.
E, não ficou claro se este repasse de recursos anunciado vai além do já comprometido com as despesas do Plantão 24 Horas.
Mas, resolver a situação vai além de recursos financeiros. A direção do hospital precisa ser mais profissional em administração, amor à causa e dedicação não são o bastante.
Outra coisa que nunca ficou muito clara e a gente nem se atreve a perguntar porque até na inauguração a imprensa foi afastada é sobre o novo prédio. No novo prédio construído e equipado pela Mineração J. Mendes, a empresa arca também com os custos mensais dele, ou se construíram, muito obrigado, de coração, mas temos que nos virar sozinhos para mantê-lo?
Então é isto. Em se tratando do Hospital Manoel Gonçalves a gente fica com a impressão de que é uma caixa preta e seu conteúdo está trancado a sete chaves.