Dopado e esfaqueado, pai implorou para filho não terminar de matá-lo no ES
João Vitor Silva Brito, de 24 anos, foi preso e confessou ter matado o pai a facadas e incendiado o corpo — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Depois de ser dopado com 30 comprimidos dissolvidos e ter recebido o primeiro golpe de faca da nora Beatriz Gazone de Azevedo, o ciclista Duramir Monteiro Silva, implorou para que o filho, João Vitor Silva Brito, não terminasse de matá-lo.
O pedido foi em vão. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, o filho pegou a faca e desferiu outros seis golpes na vítima, que morreu em seguida. A frieza com a qual o filho e a nora tiraram a vida de Duramir assustou até mesmo a polícia.
“Preparam toda aquela situação. Armaram como iam dar fim na vida do seu Duramir. Colocaram a medicação tanto no suco como na refeição da vítima. Nisso que ele está jantando, possivelmente em razão do efeito do remédio, ele passa a desfalecer e vem caindo perto dela e passa a mão nas costas dela caindo. Nisso ela pega a faca e desfere a primeira facada na barriga dele. Na sequência, o filho vem, pega outra faca e começa a desferir golpes contra o pai”, detalhou o delegado Filipe Rivas, responsável pela investigação.
Ciclista Duramir Monteiro Silva, de 56 anos, estava desaparecido desde o final de junho — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Ao confessarem o crime, João Victor Silva Brito, de 24 anos, e a namorada Beatriz Gazone de Azevedo, de 20, inicialmente alegaram que mataram a vítima por legítima defesa a um assédio. Essa versão, no entanto, foi descartada pelas investigações da Polícia Civil, que indicam crime com motivação financeira.
“Não tinha nada de conotação sexual, a conotação era, como a gente já desconfiava, era patrimonial. Queriam ficar com a casa, queriam ficar com o carro do seu Duramir, na posse dos valores que ele tivesse, inclusive, foi apreendido R$ 20 mil na residência”, completou o delegado.
Casal fez roteiro por escrito para escapar da prisão
De acordo com o delegado Felipe Rivas, o casal preparou um roteiro por escrito, para ser decorado e apresentado tanto à polícia como aos familiares com o objetivo de evitar que eles fossem identificados como autores do crime.
“Durante o cumprimento das buscas nós apreendemos um caderno e ele tem todo um roteiro do que eles iam dizer na delegacia ou se fossem questionados por qualquer pessoa. ‘Por onde vocês andaram de carro?’ , já tinha o que falar. ‘Que horas era?’, já tinha resposta pronta”, contou.
Jovem confessou que matou pai a facadas e queimou o corpo
O crime
O corpo de Duramir foi encontrado na noite de segunda-feira (4), na localidade de Estrela do Norte, em Castelo, no Sul do ES. Ele era muito conhecido na região de Cachoeiro de Itapemirim por conta da atividade esportiva. Duramir estava desaparecido desde o final de junho.
Segundo a polícia, João Vitor e Beatriz foram presos e confessaram ter matado a vítima a facadas e ainda incendiado o corpo dela.
Depois de morto, o casal colocou o corpo do ciclista no porta-malas do carro dele. O cartão da vítima foi usado para abastecer o veículo. Um vídeo registrou o momento em que João Vitor compra gasolina para incendiar o corpo do pai.
O corpo do ciclista foi levado para uma propriedade no interior de Castelo. Antes de enterrar, os dois colocaram fogo no corpo de Duramir.
Prisões
João Vitor foi preso nesta segunda, após confessar o crime. Ele disse aos policiais que o pai assediava a namorada dele e a morte foi motivada por ciúmes. Segundo João Vitor, a namorada ajudou no crime.
A jovem foi encontrada em um hotel no bairro BNH, em Cachoeiro de Itapemirim. Ela não resistiu à prisão, confessou o crime e disse que foi a primeira a esfaquear o sogro, após ser assediada por ele, segundo a polícia.
Mulher inventou gravidez, diz polícia
O casal estava junto há quatro meses. A investigação apontou que a jovem inventou que estava grávida para ajudar a convencer o namorado a matar o próprio pai. Ainda segundo o delegado, João Vitor disse não saber que a gravidez era falsa.
Os dois foram encaminhados ao sistema prisional e, até a última atualização deste texto, a reportagem não havia obtido contato com os presos ou as defesas deles.
As investigações continuam porque, segundo a Polícia Civil, na tarde desta quarta (6) uma arma, que teria sido comprada com o dinheiro do ciclista após a morte dele, foi encontrada na casa da mãe de outro filho dele.
Publicação do G1 Espírito Santo